Bem sei que é sexta-feira, 1 de Julho, ou seja, que uma semana passou após termos chegado da nossa aventura e que, exactamente por isso, já deveríamos ter escrevinhado umas notas finais. Mas também sei que estes trinta e poucos dias em que estivemos fora, que os quase 14 mil quilómetros que percorremos desde Vieira do Minho a Tombouctou e daqui ao Minho, que as quase 300 horas agarrados ao volante mereciam um descanso. Sobretudo para aquele que, além de ter de alimentar (quase) diariamente os “expedicionários”, ainda tinha que alimentar este blogue também (quase) diariamente. Estou certo, por conseguinte, que todos quantos nos foram seguindo por aqui nos desculparão.
Foram muitos dias, dirão. Pois foram, mas nós continuamos com a sensação nítida de que foram poucos, tanta coisa ficou para ver, para descobrir, para desfrutar. Foram muitos quilómetros, acrescentarão outros. Pois também é verdade, mas só fazendo-os seríamos capazes de atingir o objectivo a que nos tínhamos proposto. Mas foram demasiadas horas a conduzir, argumentarão. E de que outra forma teríamos atravessado Espanha, Marrocos, Mauritânia, Mali, Senegal...e regressado, em um mês e alguns dias? Pena temos nós de não termos condições para andar por ali mais tempo...
Em resumo, haverá quem diga que foi uma aventura louca e defenda os anteriores e outros argumentos para justificar a qualificação desta viagem. São certamente respeitáveis, mas a realidade é que, ou ela se fazia assim, ou não se fazia. A nossa opção foi fazê-la. Os outros...ficaram em casa, de pantufas, o que também é legítimo. Mas opções são opções e cada qual toma as que entende e pode. Pela nossa parte, não nos arrependemos minimamente de termos concretizado aquela ideia “amalucada” lançada pelo Mário.
E não nos arrependemos porque muitas foram as sensações, várias as peripécias, agradáveis os convívios, deslumbrantes as paisagens, belas as noites estreladas do deserto, forte o sentido de entreajuda, inesquecíveis as dunas, as picadas, os trilhos, as fronteiras, os cheiros, as cores, a confusão das urbes e a tranquilidade imensa do deserto, a surpreendente simpatia dos nativos, os momentos de boa disposição, de risota, o sentir a adrenalina da dificuldade antes de a ultrapassarmos, a alegria de termos chegado... Não é fácil descrever o que foi esta aventura – e chamo-lhe aventura porque, de facto, foi uma aventura! – tantos momentos houve dignos de registo.
Tentámos ainda assim transmitir um pouco do que foi o nosso dia a dia, mas reconhecemos que foram simples pinceladas de um quadro muito complicado de reproduzir. As imagens ajudam a visualizá-lo, mas nem mesmo estas conseguem transmitir completamente as sensações, aas experiências, as vivências que todos nós guardamos e que iremos para sempre recordar.
Devemos, por isso, um enorme agradecimento a todos quantos nos apoiaram, nomeadamente a Câmara Municipal de Vieira do Minho, o jornal O JOGO, a Safenor, a oficina VCI, a JIPAVENTURA e, claro, a todos aqueles que com os seus comentários, incitamentos e também críticas nos acompanharam à distância.
Provavelmente não mais algum de nós voltará a Tombouctou, mas podemos dizer – eu já lá estive! E voltei! O que não é de somenos importância. E com o espírito aberto para novas aventuras!
Loucura é não fazer o que nos vai na "alma". Porque a vida são muito poucos dias e grande parte deles já se foram, há que levar por diante "aquilo" mesmo que sonhamos e/ou sonhámos. Lembrando sempre, que amanhã vai existir, mesmo que não para cada um de nós!
ResponderEliminarE a sardinhada, foi ou não feita? Sei que as sardinhas não têm andado grande coisa - só agora é que veio a nortada que as levará ao ponto certo, mas sardinha fresca é sempre boa!
Abraços!
Roída e verde de inveja lá tomei conhecimento dos "expedicionários". Espero que o hábito do "E se fossemos a..." se instale! Beijinhos
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